10 de ago. de 2010

Da Direção





                                    
A ação de Pedras nos Bolsos, de Marie Jones, se passa numa pequena vila no interior da Irlanda, onde um filme de Hollywood está sendo rodado. No centro da trama estão Jake e Charlie, dois homens do lugar que conseguem trabalho como figurantes do filme e se divertem com a proximidade das estrelas do cinema.
Em seu aspecto mais imediato a peça é um divertido e instigante jogo de cena. Num troca-troca relâmpago, os atores que desempenham Jake e Charlie também retratam as demais personagens, desde o imponente diretor inglês e sua linda estrela americana, até as personalidades locais – em suma a população variada de um filme em locação.
A peça é uma contundente sátira do mundo do cinema.  A dramaturga oferece um incisivo comentário sobre a invasão hollywoodiana, a suscetibilidade e astúcia dos nativos e o desejo universal de curtir, mesmo por um instante, a luz dos holofotes.
No fenômeno conhecido como globalização, dois fatores principais são a força da mídia e meios de informação, e a emergência da economia como motor da vida social.  São duas violências centrais ao movimento que levam ao que Milton Santos chamou do “Império das fabulações”. Juntos eles estão criando um discurso único no mundo, base dos novos totalitarismos.
         Pedras nos bolsos,  oferece um antídoto à massificante força da mídia, que quer impor uma estética única, e afirma que as pequenas, porém autênticas histórias humanas, ainda podem e precisam ser contadas.



David Herman

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